A morte da recém-nascida Ayla Sophia, no último sábado (28/06), na cidade de Prata do Piauí, gerou forte comoção e revolta entre os moradores. A bebê faleceu após complicações durante o parto, realizado na Unidade Mista Dr. Erlon Constantino de Aguiar, hospital municipal que, segundo testemunhas, não possuía estrutura adequada para o procedimento.
A mãe da criança, de 22 anos, apresentava gestação de risco e já havia ultrapassado os nove meses de gravidez. Mesmo com indicação médica de transferência para uma unidade hospitalar com melhores recursos, profissionais da unidade decidiram realizar o parto ali mesmo.
Durante o procedimento, a recém-nascida teria nascido em posição incorreta e faleceu pouco tempo depois. No momento do parto, não havia ambulância disponível para realizar a transferência emergencial. Uma viatura de apoio de São Miguel da Baixa Grande chegou a ser solicitada, mas não chegou a tempo.
Outro agravante foi a falta de equipamentos essenciais. Segundo relatos, o único cilindro de oxigênio da unidade estava sendo utilizado por uma idosa internada, que era bisavó da bebê. O equipamento chegou a ser retirado da paciente na tentativa de salvar a recém-nascida, colocando ambas as vidas em risco. A idosa sobreviveu.
Demora em nota oficial revolta a população
A Prefeitura de Prata do Piauí levou três dias para se manifestar oficialmente sobre o ocorrido, o que agravou a indignação da população local. A nota de esclarecimento foi divulgada apenas nesta última terça-feira (01/07) e classificou o episódio como um “lamentável fato”.
Na nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que está conduzindo uma apuração detalhada do atendimento prestado à parturiente e à bebê. Também foram anunciadas medidas emergenciais, como:
- Identificação dos profissionais envolvidos;
- Revisão dos protocolos obstétricos e neonatais;
- Reforço na triagem e classificação de risco;
- Avaliação das condutas médicas, com possível responsabilização junto aos conselhos de classe.
Apesar disso, a gestão municipal isentou-se de responsabilidade direta, alegando que as decisões clínicas cabem exclusivamente aos profissionais de saúde envolvidos.
Moradores pedem justiça e melhorias
Nas redes sociais e em manifestações informais pela cidade, moradores cobram investigações rigorosas e melhorias urgentes na estrutura hospitalar, especialmente nos serviços de obstetrícia e neonatologia.
Familiares da bebê denunciam negligência médica e pedem a responsabilização dos envolvidos. O caso deverá ser acompanhado por órgãos de fiscalização da saúde e do Ministério Público.