Montenegro, no Rio Grande do Sul, iniciou a desmobilização das barreiras sanitárias instaladas para conter a gripe aviária. O número de bloqueios foi reduzido de sete para quatro nesta última sexta-feira (23/05), após a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação concluir a primeira fase de vistorias em propriedades rurais no raio de 10 quilômetros da granja comercial onde o foco inicial foi identificado. Nenhum novo caso da doença foi detectado na região.
As barreiras restantes incluem duas de desinfecção em estradas vicinais, em um raio de 3 quilômetros, e uma estrutura na RS-124. A barreira de bloqueio ao foco também permanece ativa. Até o momento, quase 3 mil veículos já foram abordados e desinfetados, mostrando a amplitude da operação.
A principal função dessas barreiras é inspecionar todos os veículos de carga viva de animais, além daqueles que transportam ração e coletam leite, que circulam em diversas propriedades rurais. Dentro do raio de 3 quilômetros, carros de passeio também são submetidos à desinfecção.
Desde quinta-feira (22/05), a granja de Montenegro, onde o foco da gripe aviária foi confirmado, entrou em um período de 28 dias de vazio sanitário. Durante esse tempo, o local deve permanecer sem a presença de aves ou qualquer atividade avícola. Se não houver novas ocorrências após esse prazo, o Brasil poderá se autodeclarar livre da doença nessa região, possibilitando a retomada gradual das exportações que foram restringidas.
Casos de Gripe Aviária em Investigação no Brasil
De acordo com o painel de consulta do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) sobre a Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1), atualmente existem 12 casos em investigação no país. Desses, dois preocupam especialmente por serem em granjas comerciais: em Ipumirim (SC) e em Aguiarnópolis (TO).
Embora o governo de Santa Catarina tenha chegado a informar o descarte do caso de Ipumirim, o Mapa esclareceu que as investigações das amostras coletadas nas granjas de Aguiarnópolis e Ipumirim ainda estão em andamento. “As análises iniciais apontaram para resultados com baixa carga viral ou possível degradação do material genético viral, o que inviabilizou o sequenciamento direto do vírus”, explicou o Ministério.
Para contornar essa dificuldade, as amostras estão sendo inoculadas em ovos embrionados, uma técnica que visa isolar o vírus e aumentar a quantidade de material genético disponível para análise. O Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em São Paulo, unidade de referência do Mapa e credenciada pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), é o responsável por essas análises.
Os casos atualmente em investigação no Brasil incluem:
- Comercial: Ipumirim (SC) e Aguiarnópolis (TO).
- Doméstica de subsistência: Salitre (CE), dois casos em Eldorado dos Carajás (PA), Angélica (MS), Concórdia (SC), Gaurama (RS) e Capela de Santana (RS).
- Ave silvestre: Icapuí (CE), Ilhéus (BA) e Castelo (ES).
Desde 2023, o Brasil registrou 168 investigações com resultados laboratoriais positivos para o vírus da gripe aviária. Desse total, apenas um caso foi em aves comerciais, três em aves de subsistência e 164 em aves silvestres, evidenciando que a maior parte das ocorrências se concentra na fauna selvagem.