A Semana de Vacinação nas Américas, que teve início no sábado (26/04) e segue até o dia 3 de maio, está mobilizando os países do continente em um esforço coletivo para aumentar as taxas de imunização. Com a meta de aplicar aproximadamente 66,5 milhões de doses de vacinas, a iniciativa se concentra em algumas doenças que têm causado preocupação na região, como o sarampo e a febre amarela.
A principal atenção está voltada para o sarampo, especialmente após os surtos registrados em países da América do Norte, como os Estados Unidos, Canadá e México. Com mais de 2.600 casos confirmados e três mortes, os números deste ano já são mais de dez vezes superiores aos 215 registros do mesmo período de 2024. No Brasil, apesar de não haver transmissão sustentada da doença, o Ministério da Saúde reforça a importância da vacinação, especialmente para aqueles que não foram imunizados na infância ou que têm dúvidas sobre a aplicação da tríplice viral, vacina que protege contra sarampo, caxumba e rubéola.
Luciana Phebo, chefe de Saúde e Nutrição do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, enfatiza a importância de evitar a volta do sarampo no país. “O sarampo é um vírus que se espalha rapidamente e representa um grande risco, especialmente para crianças com desnutrição ou com o sistema imunológico comprometido”, alerta. Ela também destaca o papel do Brasil na liderança regional em programas de vacinação e o impacto global da manutenção do certificado de país livre da doença.
Febre amarela gera preocupação no continente
Outro foco da campanha é a febre amarela, que tem apresentado números alarmantes este ano. Com 189 casos confirmados em toda a América, o número já é três vezes superior ao total registrado em 2024. O Brasil, com 102 casos e 41 mortes, lidera os registros no continente. A Organização Panamericana da Saúde (Opas) tem como tema da campanha deste ano a frase “Sua decisão faz a diferença”, incentivando a população a se vacinar e ajudando a alcançar as metas de eliminação de doenças, com a previsão de erradicar mais de 30 enfermidades até 2030.
Imunização sem fronteiras
Akira Homma, assessor científico sênior da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reforça a necessidade de uma ação coordenada entre os países da região. “Os agentes infecciosos não respeitam fronteiras. É fundamental que todos se vacinem para garantir a proteção coletiva, especialmente em um cenário de queda nas coberturas vacinais em alguns países”, explica. Essa abordagem global é essencial, mas é igualmente importante considerar as especificidades locais e combater a desinformação, como afirma a pesquisadora Lurdinha Maia, também da Fiocruz. “Precisamos traduzir a ciência para a população e envolver as comunidades locais nas ações de conscientização”, complementa.
Desafios no acesso à vacinação
Entre os desafios mais destacados está o acesso à vacina. Em um projeto que visou aumentar as taxas de imunização contra a poliomielite em estados como Amapá e Paraíba, os especialistas identificaram que a falta de centros de vacinação acessíveis é um dos maiores obstáculos. “Iniciativas como o Super Centro Carioca de Vacinação, que funciona até tarde e em fins de semana, são exemplos de como facilitar o acesso”, explica Homma. Essas ações precisam ser replicadas em outras localidades para garantir que a população tenha acesso às vacinas necessárias.
A Semana de Vacinação nas Américas é, portanto, um momento crucial para reforçar o compromisso com a saúde pública e garantir que as coberturas vacinais permaneçam elevadas, não apenas para controlar surtos, mas também para eliminar doenças que, com a vacina, podem ser prevenidas.