Em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o Ministério da Saúde do Brasil realizou em Brasília um simulado de resposta rápida para a detecção do poliovírus. O objetivo principal do evento foi reforçar a vigilância epidemiológica, melhorar a capacidade de imunização e aprimorar a preparação do país para possíveis surtos de poliomielite.
A poliomielite foi responsável por mais de 3,5 mil casos anuais no Brasil no passado, causando sequelas motoras irreversíveis em muitas crianças. No entanto, graças à implementação de um programa de vacinação eficaz, a doença foi erradicada no país, com o último caso registrado em 1989. Apesar da erradicação, o risco de reintrodução persiste, já que o poliovírus selvagem e o derivado da vacina continuam a circular em algumas regiões do mundo, exigindo vigilância constante.
Greice Madeleine Ikeda do Carmo, coordenadora-geral de Vigilância das Doenças Imunopreveníveis do Ministério da Saúde, ressaltou a importância da vigilância contínua: “Ser vigilante é essencial, especialmente quando não temos casos no território. A ausência da doença pode gerar uma falsa sensação de segurança, e é nosso dever manter a atenção e a resposta preparada”.
Cobertura Vacinal e Mudanças no Esquema de Imunização
De acordo com a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), a cobertura vacinal contra a poliomielite atingiu 89,61% em 2024, um aumento em relação ao ano anterior, que registrou 87,03%. Em 2023, o Ministério da Saúde alterou o esquema vacinal, substituindo as duas doses de reforço da vacina oral poliomielite bivalente (VOPb), conhecida como “vacina da gotinha”, pela vacina injetável (VIP). Essa mudança visa garantir uma proteção mais eficaz contra a doença.
Fortalecimento da Capacidade de Resposta e Exigências Internacionais
Com o simulado, o Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI) buscou estabelecer uma equipe nacional de resposta rápida, além de reforçar os processos de vigilância das paralisias flácidas agudas (PFA), vigilância ambiental e imunização. O treinamento também visa apoiar as Unidades Federadas no aprimoramento de suas capacidades de resposta a surtos e eventos de poliomielite. A ação é uma das exigências internacionais para a certificação da erradicação da poliomielite, e sua realização contribui para a avaliação do Brasil perante o Comitê Internacional.
Entendendo a Poliomielite
A poliomielite pode apresentar uma gama de sintomas, desde quadros assintomáticos até formas graves, como a paralisia flácida aguda irreversível, que pode levar à morte. Os sintomas mais comuns incluem febre, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta, vômitos, diarreia, espasmos e rigidez na nuca, além de meningite. Na forma paralítica, observa-se uma deficiência motora súbita, acompanhada de febre, assimetria muscular e flacidez muscular com a redução dos reflexos, com a paralisia persistindo por mais de 60 dias após o início da doença.