Só um terço dos municípios brasileiros cumpre metas de vacinação infantil, aponta relatório

Reprodução: Foto/Metrópoles

Um levantamento inédito divulgado nesta terça-feira (17/05) revela que apenas 32% das cidades brasileiras alcançaram as metas de vacinação infantil em 2023. Embora o número represente o melhor desempenho desde 2018, ele ainda está longe de ser satisfatório, segundo especialistas.

O dado integra o Anuário VacinaBR 2025, produzido pelo Instituto Questão de Ciência (IQC), em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O relatório compila informações de bancos públicos como o DataSUS, InfoMS, Sinasc e IBGE, e traz um panorama da cobertura vacinal entre 2000 e 2023.

Avanços tímidos após queda histórica

O Brasil vivenciou uma queda consistente nas taxas de vacinação a partir de 2015 — cenário agravado com a pandemia de Covid-19. Apesar de uma leve recuperação iniciada em 2022, nenhuma das vacinas infantis do calendário nacional atingiu as metas preconizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) em todos os estados no ano passado.

Em 2023, cerca de 80% da população ainda vivia em municípios que não conseguiram cumprir as metas para a maioria dos imunizantes. As coberturas mais preocupantes foram registradas nas vacinas contra poliomielite, meningococo C, Haemophilus influenzae tipo b (Hib) e varicela, que não atingiram os índices desejados em nenhum estado.

A situação da vacina contra meningococo C é particularmente crítica: nenhuma unidade da federação alcança a meta desde 2021.

Tríplice viral e o desafio do abandono vacinal

Outro ponto de destaque do relatório é a taxa de evasão vacinal — especialmente nas vacinas que exigem mais de uma dose. A tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, sofre com baixa adesão à segunda dose: em alguns estados, mais da metade das crianças não completam o esquema vacinal.

Em 2023, apenas quatro estados conseguiram vacinar ao menos 95% das crianças com a primeira dose da tríplice viral, enquanto 14 estados registraram cobertura inferior a 50% para o esquema completo. Em contraste, em 2014 todos os estados haviam cumprido essa meta.

Panorama das principais vacinas

  • Poliomielite: o Brasil não atinge a meta de 95% desde 2016. Em 2023, menos de 20% da população vivia em cidades que alcançaram esse índice.
  • Meningococo C: a cobertura nacional despencou. Em 2023, quase 90% dos brasileiros residiam em municípios que não atingiram a meta — número que era de apenas 25% em 2011.
  • BCG: aplicada ao nascer, teve queda acentuada a partir de 2019. Naquele ano, só três estados bateram a meta, e 11 ficaram com cobertura inferior a 80%.
  • HPV: a segunda dose ainda enfrenta resistência. Em 2023, 80% das meninas foram imunizadas, enquanto o índice para meninos ficou abaixo de 50%. Apenas o Paraná superou os 90% de cobertura.

Desigualdades regionais e o papel da informação

Para Luciana Phebo, chefe de Saúde do Unicef no Brasil, os dados mostram uma melhora importante, mas ainda insuficiente. “O país avança na retomada da imunização, mas o relatório escancara desigualdades regionais e estruturais que ainda precisam ser enfrentadas com urgência”, afirma.

O relatório destaca a necessidade de estratégias mais eficazes de comunicação e combate à desinformação, além de investimentos contínuos em infraestrutura e acesso à vacinação, especialmente em regiões mais vulneráveis.

Fonte: Metrópoles

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