Terapia inovadora transforma vida de bebê com síndrome Rara em Brasília

Reprodução: Foto/Metrópoles

A vida de Joaquim, de apenas 2 anos, tem sido uma jornada de superação desde o nascimento. Diagnosticado com a síndrome de Charge, uma anomalia genética rara, ele enfrentava severas limitações motoras e desafios no desenvolvimento. Agora, graças à adoção de uma técnica de fisioterapia chilena pouco conhecida no Brasil, a Cuevas Medek Exercises (CME), o pequeno tem feito progressos notáveis.

A síndrome de Charge é uma condição que atinge cerca de um em cada 10 mil nascidos vivos e se manifesta por um conjunto de complicações em diversos órgãos, incluindo olhos, nervos, coração, vias nasais e ouvidos. No caso de Joaquim, a complicação cardíaca foi a mais prevalente, exigindo internação em UTI logo após o nascimento e um novo procedimento cirúrgico após um choque cardiogênico. Durante um período, ele também precisou de uma sonda para se alimentar.

A Revolução da Terapia CME

A qualidade de vida do pequeno Joaquim mudou drasticamente com a introdução da terapia CME. Essa técnica inovadora trabalha o desenvolvimento motor infantil por meio de estímulos que provocam reações automáticas no corpo da criança.

“O método desafia o sistema neuromuscular, promovendo respostas que ajudam a desenvolver a independência motora”, explica a instrutora e terapeuta Ana Carolina Martinez, especialista no método.

A Luta da Família e os Primeiros Resultados

Andreia Batista, mãe de Joaquim, enfrentou uma batalha burocrática para conseguir a cobertura do plano de saúde e encontrar profissionais especializados em Brasília, devido à pouca quantidade de terapeutas na área. “Estamos desde agosto tentando com o plano de saúde, mas é um processo longo e burocrático. O juiz negou a liminar e seguimos com recurso”, relata.

Uma vaquinha virtual foi a solução para que o menino pudesse iniciar o tratamento antes da decisão judicial. As sessões, que custam R$ 420 cada, foram viabilizadas graças ao dinheiro arrecadado pela família. “Conseguimos juntar um bom valor para cobrir os custos do tratamento, que tem sido um divisor de águas na vida do Joaquim”, afirma Andreia.

Os primeiros resultados foram surpreendentes. “Na avaliação inicial, ficamos impressionados com a rapidez dos resultados. Ele aprende algo na sessão e, em poucos dias, já está aplicando em casa”, conta a mãe. Antes da CME, Joaquim tinha dificuldades para se locomover e interagir com o ambiente. Hoje, está mais autônomo e ativo. “No começo, ele tinha dificuldade para aceitar os estímulos mais desafiadores e chorava. Agora, faz os exercícios sorrindo”, diz a mãe, emocionada.

Como o Tratamento Funciona

O método CME foi desenvolvido na década de 1970 pelo fisioterapeuta chileno Ramon Cuevas e é indicado para crianças com atraso no desenvolvimento psicomotor. A técnica utiliza exercícios dinâmicos para estimular respostas motoras automáticas, promovendo maior autonomia. Diferente de outras abordagens, o CME expõe a criança à força da gravidade, incentivando reações naturais e progressivas.

“A técnica trabalha com um repertório de mais de 10 mil exercícios, sempre adaptados às necessidades da criança. O foco é expor o paciente à gravidade com o mínimo de suporte, estimulando respostas motoras naturais”, detalha Ana Carolina.

Joaquim, que inicialmente resistiu a alguns estímulos mais desafiadores, adaptou-se rapidamente. Hoje, participa das sessões com entusiasmo e avança a cada semana. Segundo a profissional, ele apresentou melhora na postura, no equilíbrio e na independência motora, avanços fundamentais para que consiga andar sozinho.

Próximos Passos e Novos Desafios

A evolução de Joaquim impactou toda a família. “O mundo se abriu para ele. Antes, ele tinha vontade de interagir, mas não conseguia. Agora, brinca no parquinho e explora o ambiente com muito mais autonomia”, destaca Andreia.

Para receber alta na terapia, Joaquim precisa desenvolver marcha independente e a capacidade de subir e descer degraus. “A cada dia ele melhora mais. Em breve, esperamos que ele alcance esses objetivos”, projeta a mãe.

Recentemente, o pequeno foi diagnosticado com surdez e passará por uma nova cirurgia — a oitava desde o nascimento — para a implantação de um aparelho coclear. “O implante é necessário porque o aparelho auditivo convencional não é suficiente para que Joaquim compreenda bem os sons, especialmente a fala”, explica a mãe.

Fonte: Metrópoles

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