Transplante de ilhotas pancreáticas controla diabetes tipo 1 em estudo com animais

Reprodução: TyliJura/pixabay

Uma nova técnica desenvolvida por pesquisadores chineses conseguiu restaurar o controle da diabetes tipo 1 em modelos animais a partir do transplante de ilhotas pancreáticas, evitando a rejeição do organismo ao procedimento. O estudo foi publicado na capa da revista Science em (21/05) e representa um avanço importante no campo da medicina regenerativa e no tratamento da doença autoimune.

A diabetes tipo 1 ocorre quando o sistema imunológico destrói as ilhotas pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina — hormônio essencial para o controle do açúcar no sangue. O desafio até hoje era encontrar uma forma de transplantar essas células sem que o corpo as atacasse imediatamente após o procedimento.

Um novo papel para o baço

Os pesquisadores utilizaram o baço como um “novo lar” para essas células, remodelando o órgão e introduzindo nanopartículas contendo as ilhotas pancreáticas. O procedimento cria um ambiente favorável à sobrevivência dessas células sem necessidade de uma imunossupressão total — ou seja, sem depender de medicamentos fortes que suprimem todo o sistema imunológico.

O baço, por sua estrutura porosa, alta vascularização e ligação direta com a circulação do fígado, mostrou-se ideal para abrigar os enxertos. Segundo o estudo, o órgão passou a funcionar como um reator biológico, protegendo as ilhotas e permitindo sua atividade de produção de insulina.

Resultados promissores em camundongos e primatas

Nos testes realizados, o controle glicêmico foi restabelecido por até 90 dias em camundongos. Em primatas, o transplante de ilhotas humanas demonstrou manutenção da função pancreática por pelo menos 28 dias, com produção ativa de insulina e ausência de sinais de rejeição. Quando o baço foi removido, os níveis de glicose voltaram a subir, confirmando a importância do órgão no processo.

Outros locais alternativos, como o músculo e o globo ocular, também foram testados para o transplante das ilhotas, mas com resultados inferiores. A técnica também incluiu uma leve aplicação local de imunossupressores nos macacos, o que foi suficiente para preservar os enxertos sem comprometer a saúde geral dos animais.

Caminho para terapias com células-tronco

Com base nos achados, os cientistas agora estudam a possibilidade de utilizar o baço como base para o cultivo de órgãos personalizados a partir de células-tronco pluripotentes. A ideia é desenvolver tecidos sob medida para cada paciente, reduzindo a dependência de doadores e diminuindo os riscos de rejeição.

A remodelação do baço também demonstrou alterar o ambiente imunológico do órgão, reduzindo significativamente a ativação de respostas inflamatórias. Essa combinação entre engenharia tecidual e imunomodulação seletiva aponta para tratamentos menos agressivos e mais eficazes.

Perspectivas futuras

Apesar dos resultados animadores, os pesquisadores destacam que ainda são necessários estudos de longo prazo e testes clínicos em humanos antes que a técnica possa ser aplicada na prática médica. Ainda assim, o estudo reforça o potencial do baço como uma plataforma promissora para terapias celulares e pode abrir novas possibilidades no tratamento da diabetes tipo 1 e outras doenças autoimunes.

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