Depressão pré-natal afeta grupos raciais de forma desigual, aponta estudo com mais de 250 mil gestantes nos EUA

Reprodução: Foto/freepik

Um amplo estudo conduzido nos Estados Unidos revelou diferenças significativas no diagnóstico e na gravidade da depressão pré-natal entre gestantes de diferentes origens étnicas e raciais. A pesquisa, que analisou dados de 258 mil mulheres grávidas, chamou atenção para o impacto das desigualdades raciais e culturais na saúde mental durante a gestação.

Segundo os pesquisadores, 15,5% das gestantes receberam diagnóstico de depressão pré-natal, enquanto 10,9% relataram sintomas moderados a graves, mesmo sem diagnóstico formal. Os dados apontam ainda que determinados grupos enfrentam riscos maiores de subdiagnóstico e quadros mais graves, o que pode afetar não apenas a saúde da mãe, mas também o desenvolvimento do bebê.

Grupos mais afetados e barreiras no diagnóstico

As maiores taxas de depressão pré-natal foram observadas entre gestantes porto-riquenhas (26,7%) e negras (17,3%). Por outro lado, mulheres de origem vietnamita (4,7%) e japonesa (7,5%) apresentaram os índices mais baixos.

Um dos achados mais preocupantes foi a alta incidência de depressão não diagnosticada entre gestantes asiáticas e hispânicas. Em especial, o grupo Hmong (etnia originária do sudeste asiático) registrou o maior risco de depressão não identificada — um alerta para o papel de fatores culturais, barreiras linguísticas, estigmas relacionados à saúde mental e acesso limitado a serviços de saúde.

O desafio de um cuidado mais inclusivo

Para os especialistas, os resultados evidenciam a urgência de estratégias mais eficazes e culturalmente sensíveis para detectar e tratar a depressão pré-natal. Isso inclui investimentos na capacitação de profissionais de saúde para oferecer um atendimento mais acolhedor e inclusivo, além da ampliação do acesso a serviços de saúde mental, especialmente em comunidades subatendidas.

“A gestação é um período vulnerável, e garantir suporte emocional adequado é fundamental para a saúde materna e o bem-estar do bebê. Mas para isso, precisamos compreender as diferenças culturais, combater o estigma e remover barreiras ao cuidado”, afirmam os autores do estudo.

Impactos a longo prazo

A depressão durante a gestação está associada a complicações obstétricas, aumento no risco de parto prematuro, e dificuldades no vínculo afetivo entre mãe e filho. Além disso, bebês expostos a altos níveis de estresse materno ainda no útero podem apresentar maior suscetibilidade a problemas comportamentais e emocionais na infância.

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