A diabetes, doença silenciosa e crônica, tem se mostrado um dos principais fatores de risco para diversas complicações de saúde, incluindo problemas graves de visão, como o edema macular diabético (EMD), que afeta milhões de brasileiros.
Mais de 1,4 milhão de pessoas no Brasil enfrentam doenças oculares relacionadas ao diabetes, mas, alarmantemente, uma parte significativa desses pacientes desiste do tratamento, colocando sua saúde visual em risco. Essa realidade reflete a urgência de uma abordagem mais eficaz para o acompanhamento da condição.
Diabetes e Suas Consequências
A diabetes é caracterizada por níveis elevados de glicose no sangue e, embora não tenha cura, é possível gerenciar a doença com acompanhamento médico e cuidados adequados. No Brasil, mais de 10% da população sofre com a enfermidade, de acordo com dados do Vigitel, órgão vinculado ao Ministério da Saúde.
Entre as principais causas para o desenvolvimento do diabetes estão a obesidade, a hereditariedade, maus hábitos alimentares, sedentarismo e a pressão alta. Quando não tratada corretamente, a doença pode desencadear uma série de complicações, como doenças cardiovasculares, problemas renais, alterações de pele, surdez, Alzheimer, e, principalmente, doenças oculares que podem levar à perda irreversível da visão.
A Perda de Visão Relacionada ao Diabetes
Pesquisas realizadas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pela ONG Retina Brasil, com o apoio da Roche Farma Brasil, apontam que condições como a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e o edema macular diabético (EMD) estão entre as principais causas de perda de visão em pessoas acima de 55 anos. Atualmente, cerca de 1,4 milhão de brasileiros enfrentam essas condições, e a previsão é de que esse número cresça para 1,7 milhão nos próximos cinco anos, devido ao envelhecimento da população e ao aumento dos casos de diabetes.
Adesão ao Tratamento: Desafios e Consequências
Uma das principais dificuldades enfrentadas pelos pacientes é a adesão ao tratamento. De acordo com um levantamento recente, quase 30% dos entrevistados relataram que desistiram do tratamento em algum momento, o que pode agravar os sintomas e acelerar a progressão das doenças oculares. A oftalmologista Patricia, especialista em Retina Clínica, explica que o tratamento dessas doenças requer, em muitos casos, a aplicação de injeções intravítreas, o que pode ser um grande desafio tanto para os pacientes quanto para suas famílias. “Essas condições afetam a mácula, a área central da retina responsável pela visão nítida, prejudicando atividades cotidianas essenciais como ler, dirigir e até fazer compras”, afirma.
A Realidade do Tratamento no Brasil
A perda de visão tem um impacto direto na vida dos pacientes, com 45% deles relatando comprometimento grave da visão no momento da pesquisa. O diagnóstico tardio e a falta de adesão ao tratamento são fatores que contribuem para esse cenário. Contudo, a medicina tem avançado, oferecendo alternativas que não só estabilizam a visão dos pacientes, mas, em muitos casos, conseguem melhorar sua qualidade de vida.
A especialista ainda destaca o avanço de inovações tecnológicas capazes de reduzir a frequência do tratamento, tornando-o mais acessível e menos oneroso para os pacientes. “A medicina está em busca de soluções que minimizem a carga do tratamento e facilitem o acompanhamento médico”, aponta.
O Impacto Financeiro e Emocional
Outro fator que agrava a situação dos pacientes é o alto custo do tratamento, que impacta diretamente na continuidade do cuidado. Seis em cada 10 pacientes reportaram dificuldades financeiras, e quase metade deles indicaram que gostariam de ter apoio psicológico para lidar com os efeitos da doença. Além disso, 72% dos pacientes convivem com outras condições de saúde, como hipertensão, doenças renais e articulares, que tornam o tratamento ainda mais complexo.
Michelle, médica da Roche Farma Brasil, ressalta que, além do investimento em pesquisas para novas terapias, a busca por uma melhor experiência para o paciente é essencial. “A ciência está investindo para melhorar o controle e o convívio com doenças oculares, tornando o tratamento mais acessível e com menos impacto na rotina dos pacientes”, afirma.
A Percepção dos Pacientes
O levantamento realizado ouviu 155 pacientes de diferentes regiões do Brasil, sendo que 65% deles eram mulheres, a maioria com 60 anos ou mais. Um dado importante revelado pela pesquisa é que aproximadamente um terço dos pacientes estavam sendo tratados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Maria Antonieta, vice-presidente da Retina Brasil, acredita que os resultados da pesquisa mostram a necessidade urgente de melhorar a qualidade do atendimento, especialmente para aqueles pacientes que têm dificuldades para seguir com o tratamento. Ela também destaca a importância do suporte psicológico, uma medida fundamental para garantir a continuidade do tratamento e melhorar a adesão dos pacientes.
A pandemia de COVID-19 também teve um papel crucial na suspensão dos tratamentos, com muitos pacientes relatando a perda de visão devido à interrupção no acompanhamento médico.
Conclusão
A diabetes continua sendo uma das principais causas de perda de visão no Brasil, e a adesão ao tratamento ainda é um grande desafio. Com o avanço da medicina e o desenvolvimento de novas tecnologias, há esperança de que o futuro seja mais promissor para os pacientes, oferecendo tratamentos mais eficazes, acessíveis e menos invasivos. No entanto, a integração de apoio psicológico e a melhoria do atendimento são essenciais para garantir que mais brasileiros consigam manter sua visão e qualidade de vida.
Fonte: Terra