A localização geográfica em relação a hospitais de emergência pode ter um impacto direto na gravidade dos casos cirúrgicos e nos desfechos hospitalares. É o que revela uma pesquisa recente baseada em dados de mais de 190 mil pacientes atendidos na Flórida e na Califórnia, nos Estados Unidos.
De acordo com o levantamento, pessoas que residem a mais de uma hora de viagem de um hospital apresentam maior risco de chegar com quadros clínicos mais complexos. Entre aqueles que enfrentaram deslocamentos superiores a duas horas, o risco de chegar ao hospital com uma condição cirúrgica grave foi 28% maior, quando comparado a quem mora a menos de 15 minutos da unidade de saúde.
Internações mais longas e custos mais altos
A pesquisa também identificou que pacientes que moram longe dos centros de atendimento emergencial têm maior chance de serem internados (com um aumento de 41%) e de precisarem ser transferidos para outros hospitais (32% a mais). Além disso, essas internações costumam ser mais prolongadas — com média de quase meio dia a mais — e mais caras. Os custos hospitalares desses pacientes foram, em média, US$ 8.284 mais altos.
Esses dados reforçam o papel da infraestrutura hospitalar na qualidade do atendimento emergencial e levantam um alerta para a situação de populações que vivem em áreas rurais ou em regiões onde unidades de saúde foram fechadas nos últimos anos.
Desigualdade no acesso ao atendimento
Os pesquisadores destacam que o tempo de deslocamento deve ser considerado na formulação de políticas públicas de saúde. A proposta é que estratégias de regionalização e o fortalecimento de hospitais em áreas críticas sejam priorizadas, garantindo que o acesso rápido ao atendimento de urgência não dependa apenas do CEP do paciente.
“Em situações emergenciais, cada minuto conta. O tempo que se leva para chegar a um hospital pode ser decisivo não apenas para salvar uma vida, mas também para evitar complicações e reduzir os custos associados ao tratamento”, apontam os autores do estudo.