Desde que o mundo foi abalado pela pandemia de Covid-19, especialistas vêm alertando que uma nova emergência de saúde pública não é uma possibilidade remota, mas uma questão de tempo. Um estudo recente reforça essa preocupação ao apontar que a pobreza pode estar no centro da próxima grande ameaça sanitária global.
Pesquisadores das universidades da Georgia e de Oklahoma, nos Estados Unidos, analisaram mais de 300 surtos de doenças infecciosas registrados entre 1977 e 2017. Os resultados foram publicados na revista científica Microorganisms, e destacam que comunidades pobres, sem acesso a serviços básicos de saúde, são terreno fértil para a disseminação de agentes infecciosos.
Entre os principais fatores identificados estão o uso inadequado de antibióticos, falta de infraestrutura sanitária, água e alimentos contaminados, além das mudanças climáticas e a presença de vetores como mosquitos. Todos esses elementos contribuem para o surgimento e a propagação de surtos, especialmente os bacterianos.
Segundo os cientistas, a pobreza não só facilita o surgimento de doenças como atua como um catalisador para que elas se espalhem. A exposição constante a ambientes insalubres e a ausência de tratamento médico tornam essas populações mais vulneráveis. Já em contextos de epidemias virais, como no caso do coronavírus, o problema se agrava com a dificuldade de manter o distanciamento social — muitas vezes, famílias inteiras vivem em cômodos pequenos e não podem abrir mão do trabalho presencial.
“O comportamento humano, os sistemas de saúde, a mobilidade global e as desigualdades econômicas têm um papel central nos surtos”, afirma o pesquisador Payton Phillips, um dos autores do estudo. Ele defende que é urgente investir em saneamento básico, água potável e saúde pública para evitar que o mundo enfrente, mais uma vez, uma crise sanitária sem precedentes.
Fonte: Metrópoles