A perda auditiva vai além de um problema nos ouvidos – um novo estudo sugere que ela também pode impactar a saúde do cérebro. De acordo com pesquisadores brasileiros, pessoas com dificuldades auditivas tendem a sofrer um declínio cognitivo mais acelerado em comparação àquelas com a audição preservada.
Os dados levantam um alerta. A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que até 2050 mais de 900 milhões de pessoas terão perda auditiva incapacitante, principalmente devido ao envelhecimento da população. Com o aumento da expectativa de vida, a parcela da população acima dos 60 anos deve saltar de 900 milhões para 2 bilhões nos próximos 25 anos, segundo a entidade.
A pesquisa, publicada em fevereiro no Jornal da Doença de Alzheimer, analisou informações de saúde de 805 brasileiros entre 35 e 74 anos, sendo que 62 deles apresentavam perda auditiva. O estudo acompanhou os participantes por um período de oito anos e contou com dados do Elsa Brasil, um projeto que monitora a saúde de servidores públicos em seis capitais do país: Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória.
Para garantir a precisão dos resultados, os pesquisadores realizaram exames de audiometria a cada três anos, em média, além de testes para avaliar funções cognitivas, como memória, fluência verbal e velocidade de processamento. Após excluir fatores de saúde e estilo de vida que poderiam influenciar os resultados, a análise revelou que pessoas com perda auditiva tinham maior tendência a um declínio cognitivo mais significativo.
Apesar das descobertas, os cientistas ainda buscam entender com mais precisão a relação entre perda auditiva e deterioração das funções cerebrais. Estudos futuros podem ajudar a esclarecer os mecanismos por trás dessa conexão e apontar estratégias para minimizar os impactos do problema.