Estudo pioneiro tenta ‘desligar’ a artrite reumatoide ao reeducar células do sangue

Reprodução: PeachMoon/pixabay

Cientistas britânicos estão conduzindo um estudo inovador que promete revolucionar o tratamento da artrite reumatoide. O ensaio clínico AuToDeCRA-2 tem como objetivo treinar células do sistema imunológico para que parem de atacar as articulações, uma tentativa de “desligar” a doença que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo.

O estudo e a abordagem revolucionária

Liderado pelo professor de reumatologia clínica John Isaacs, da Universidade de Newcastle, o estudo está focado em treinar os chamados “generais” do sistema imunológico, as células dendríticas, para que elas possam controlar e moderar a resposta imune. Essas células, normalmente responsáveis por ativar os “soldados” do sistema imunológico para combater infecções, são orientadas a não atacar tecidos saudáveis, o que, no caso da artrite reumatoide, leva à inflamação das articulações.

“O que estamos tentando fazer é ‘treinar’ essas células para que fiquem calmas e parem de ordenar ataques aos tecidos saudáveis do corpo. Isso poderia representar um avanço importante na luta contra a artrite reumatoide”, explica Isaacs.

A participação de pacientes no estudo

Dentre os pacientes que participam dessa pesquisa está Carol Robson, uma mulher de 70 anos que vive com a condição em Jarrow, na Inglaterra. Para ela, a dor constante causada pela artrite reumatoide é a parte mais difícil da doença, e o alívio proporcionado pelos medicamentos não é suficiente. Após receber a injeção de glóbulos brancos “treinados” no estudo, ela relatou uma melhora na dor, embora ainda haja dúvidas se a sensação de alívio é um efeito real ou uma expectativa gerada pela esperança do tratamento.

“Eu realmente espero que isso funcione. Se este estudo conseguir ‘desligar’ a artrite, será maravilhoso”, afirmou Robson.

O impacto potencial do tratamento

O ensaio clínico, que está em sua segunda fase, está sendo realizado com o apoio da instituição beneficente Versus Arthritis e da Comissão Europeia, e é conduzido pela Universidade de Newcastle e pelo Hospital Universitário de Newcastle. Caso o estudo seja bem-sucedido, Isaacs acredita que a pesquisa poderia beneficiar não apenas os cerca de 450 mil pacientes na Inglaterra que vivem com artrite reumatoide, mas também milhões de pessoas em todo o mundo.

“Se os resultados forem positivos, este estudo pode abrir portas para o tratamento de outras doenças autoimunes, como diabetes e esclerose múltipla”, afirmou Isaacs, destacando que a abordagem é uma forma de reeducação do sistema imunológico.

O futuro do estudo

Atualmente, os dois primeiros ensaios clínicos envolvem cerca de 32 pacientes e estão em suas fases iniciais. Apesar de ser promissor, Isaacs ressalta que ainda são necessárias mais pesquisas para avaliar a eficácia do tratamento a longo prazo. Mesmo se os resultados forem positivos, o tratamento pode demorar de cinco a dez anos para ser amplamente disponibilizado aos pacientes.

“Este é um estudo pioneiro, e caso tenha sucesso, pode mudar significativamente a forma como tratamos doenças autoimunes. Ainda estamos no começo, mas o potencial é imenso”, conclui Isaacs.

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