Um novo estudo publicado na JAMA Network Open revelou uma forte associação entre a exposição ao ozônio (O₃) nos primeiros anos de vida e o desenvolvimento de asma e chiado no peito em crianças pequenas. Os pesquisadores analisaram dados de 1.188 crianças em seis cidades dos Estados Unidos, acompanhadas desde o nascimento até os 9 anos de idade, e constataram que a primeira infância é um período crítico para os efeitos da poluição atmosférica na saúde respiratória.
Risco elevado com baixa exposição
O estudo mostrou que, para cada aumento de 2 partes por bilhão (ppb) na média de exposição ao ozônio entre 0 e 2 anos de idade, o risco de desenvolver asma aumentou em 31%, enquanto o risco de chiado no peito subiu 30%.
Esses efeitos foram observados especialmente entre os 4 e 6 anos de idade, mas não se mantiveram evidentes entre os 8 e 9 anos, o que sugere uma janela de vulnerabilidade nos primeiros anos de vida.
Outros poluentes também influenciam
Os cientistas também avaliaram a exposição a outros poluentes comuns, como o material particulado fino (PM2.5) e o dióxido de nitrogênio (NO₂). Quando analisados em conjunto, todos apresentaram associação com sintomas respiratórios, reforçando a preocupação com a poluição do ar como um todo — mesmo em cidades que seguem os padrões atuais de qualidade do ar.
Impacto para a saúde pública
Segundo os autores, o estudo destaca a necessidade urgente de políticas públicas que reduzam a exposição de crianças à poluição atmosférica, sobretudo durante os primeiros anos de vida.
“Mesmo níveis considerados baixos de ozônio podem ser prejudiciais à saúde infantil”, alertam os pesquisadores. “Reduzir a exposição nessa fase crítica pode ter um impacto importante na prevenção de doenças respiratórias, como a asma.”
O que é o ozônio troposférico?
Diferente do ozônio estratosférico — que protege a Terra dos raios UV — o ozônio troposférico é um poluente formado a partir da reação entre luz solar e poluentes emitidos por veículos, indústrias e outras fontes urbanas. Ele é especialmente irritante para as vias respiratórias e pode agravar ou causar doenças como asma, bronquite e outras condições pulmonares, principalmente em crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.