Uma nova tecnologia baseada em inteligência artificial (IA) pode transformar o diagnóstico do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Pesquisadores da Universidade Yonsei, na Coreia do Sul, desenvolveram um sistema que analisa imagens da retina e alcança até 97% de precisão na detecção do transtorno. O estudo foi publicado em março na revista NPJ Digital Medicine, do grupo Nature.
A técnica consiste em utilizar algoritmos de aprendizado de máquina para interpretar fotografias do fundo do olho. A pesquisa envolveu 646 participantes, metade com diagnóstico confirmado de TDAH e metade sem o transtorno, com idades e sexos pareados. Entre os quatro modelos testados, o mais eficiente atingiu 96,9% de precisão na classificação correta dos casos.
“Nossa análise mostrou que imagens da retina podem servir como um biomarcador não invasivo para triagem do TDAH, além de ajudar na avaliação da função executiva ligada à atenção visual”, afirmaram os autores.
A inovação chama atenção por seu potencial de aplicação prática: o exame é rápido, não invasivo e fácil de ser realizado. Embora outras tecnologias de IA já estejam sendo testadas para diagnosticar o TDAH — como exames oculares convencionais e testes de comportamento —, essa abordagem se destaca pela agilidade e simplicidade.
Os pesquisadores reconhecem, no entanto, que a ferramenta ainda precisa ser aprimorada. Em testes subsequentes, o sistema mostrou limitações para diferenciar TDAH de outras condições, como o autismo. A equipe agora pretende expandir os estudos para grupos com faixas etárias mais variadas — a média atual dos participantes era de 9,5 anos — e aperfeiçoar a precisão diagnóstica.
“A triagem precoce e a intervenção oportuna são fundamentais para melhorar o desenvolvimento social, acadêmico e familiar de crianças com TDAH”, destacam os cientistas.
