Pesquisadores na China identificaram um possível novo uso para a semaglutida, substância já amplamente utilizada no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade. O medicamento, comercializado com os nomes Ozempic® e Wegovy®, apresentou efeitos promissores em testes realizados com camundongos com sintomas da Doença de Alzheimer.
Durante um mês de tratamento, os animais tratados com semaglutida demonstraram melhoras significativas na memória de curto e longo prazo, com desempenho semelhante ao de camundongos saudáveis que serviram como grupo de controle. Os cientistas também observaram uma redução nos níveis da proteína beta-amiloide, cuja deposição tóxica no cérebro é uma das marcas do Alzheimer.
Outro avanço observado foi a redução da inflamação cerebral nos animais tratados. O estudo indica que a semaglutida ajudou as células imunológicas do cérebro — as micróglias — a mudarem de um perfil inflamatório (M1) para um estado mais protetor (M2), o que pode contribuir para preservar os neurônios e desacelerar a progressão da doença.
Apesar de os testes ainda estarem restritos a modelos animais, os resultados são considerados animadores. Ensaios clínicos em fase 3 com pacientes humanos já estão em andamento em diferentes países. Se a eficácia for confirmada, a semaglutida poderá representar uma nova e promissora estratégia terapêutica contra o Alzheimer — doença que afeta cerca de 55 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Especialistas destacam que o reaproveitamento de medicamentos já aprovados, como a semaglutida, pode acelerar o desenvolvimento de novos tratamentos, uma vez que os seus perfis de segurança e efeitos colaterais já são bem conhecidos.
