Uma nova pesquisa brasileira traz esperança no desenvolvimento de novas ferramentas para a prevenção e o tratamento da COVID-19. Cientistas descobriram que nanopartículas de prata (AgNPs) produzidas por um fungo podem ser eficazes contra o SARS-CoV-2, vírus causador da doença. Os resultados, publicados nesta terça-feira (27/05) na revista Current Research in Biotechnology, indicam que a substância tem potencial tanto para impedir a infecção quanto para reduzir a inflamação pulmonar, um dos quadros mais graves associados à enfermidade.
O estudo, que incluiu análises computacionais e testes em hamsters, revelou que as nanopartículas de prata conseguem se ligar à proteína spike, utilizada pelo coronavírus para invadir as células humanas. Essa interação demonstrou uma capacidade de reduzir em cerca de 50% a entrada do vírus nas células hospedeiras. “Mas o mais interessante foi observar que elas também ajudaram a controlar a inflamação pulmonar, o que abre caminho para seu uso como tratamento”, destacou um dos pesquisadores envolvidos.
A significativa redução da inflamação nos pulmões dos animais testados é um dos achados mais promissores, visto que a COVID-19 é uma doença com um forte componente inflamatório, frequentemente responsável pelas complicações e fatalidades. Embora o mecanismo exato por trás desse efeito anti-inflamatório ainda precise ser totalmente elucidado, os resultados já sinalizam um relevante potencial terapêutico.
Os pesquisadores ressaltam que, apesar da prata ser um metal com custo potencialmente elevado e toxicidade conhecida, a metodologia de produção das nanopartículas pode ser escalonada, viabilizando produtos de baixo custo. Além disso, a dosagem utilizada nos estudos foi muito baixa, cerca de dez vezes inferior à considerada tóxica para o organismo, com a vantagem de que o corpo consegue eliminar o metal em aproximadamente oito semanas. A equipe de pesquisa vislumbra aplicações amplas para estas nanopartículas, incluindo o desenvolvimento de sprays nasais e outros produtos para o combate a diversas doenças virais, como HIV/Aids, herpes-zóster e gripe.