Um estudo recente publicado na revista JAMA Otolaryngology—Head & Neck Surgery revelou que até 32% dos casos de demência em pessoas idosas podem estar associados à perda auditiva. A pesquisa foi conduzida por universidades renomadas dos Estados Unidos, como Columbia, Johns Hopkins e Vanderbilt, e acompanhou cerca de 3 mil adultos entre 66 e 90 anos, sem diagnóstico anterior de demência, durante um período de oito anos.
Os participantes passaram por exames de audiometria, capazes de avaliar com precisão a capacidade auditiva em diferentes frequências, além de responderem a questionários sobre sua própria percepção auditiva. Os dados mostraram que dois terços dos avaliados apresentavam algum grau de perda auditiva, sendo que, entre eles, 9,9% desenvolveram demência ao longo dos anos. Já entre os que tinham audição preservada, a taxa foi significativamente menor, de 4,7%.
Os pesquisadores observaram que o risco de demência aumentava conforme a gravidade da perda auditiva. A perda leve foi responsável por aproximadamente 16% dos casos de demência associados, enquanto perdas moderadas ou severas representaram mais 16%. Entre os participantes com 75 anos ou mais, a proporção de casos de demência ligados à perda auditiva chegou a 31%.
Apesar dos resultados indicarem uma forte associação, os autores destacam que o estudo avaliou a audição apenas em um momento específico, antes do aparecimento da demência, sem acompanhar a progressão auditiva ao longo do tempo. Outro ponto importante é que apenas a perda auditiva medida por exames objetivos apresentou relação com a demência — o autorrelato dos pacientes não teve a mesma precisão. A conclusão é clara: identificar e tratar precocemente a perda auditiva pode ser um passo relevante na prevenção de casos de demência em um cenário de envelhecimento populacional acelerado.