Uma ampla revisão científica realizada por pesquisadores da Universidade McMaster, no Canadá, revelou que o uso de cannabis entre adolescentes está fortemente associado a piores resultados escolares e educacionais. A análise, que reuniu dados de 63 estudos envolvendo quase 440 mil jovens, destaca os impactos negativos do consumo da substância na trajetória acadêmica.
Menor rendimento e maior evasão
Entre os principais achados, a pesquisa aponta que adolescentes usuários de maconha apresentam:
- 39% mais chances de ter notas mais baixas
- 50% menos chances de concluir o ensino médio
- 28% menos probabilidade de ingressar na universidade
- 31% menos chances de obter um diploma universitário
- Mais que o dobro das chances de abandonar os estudos
- Mais que o dobro das probabilidades de faltas escolares frequentes
Esses dados sugerem que o uso da droga na adolescência e no início da vida adulta pode comprometer significativamente o desempenho acadêmico e a permanência dos jovens no ambiente escolar.
Potência da droga aumentou ao longo dos anos
O estudo também chama atenção para o aumento na potência da cannabis. A concentração de THC — principal substância psicoativa da planta — subiu de 4% em 1995 para 14% em 2019, tornando os efeitos da droga mais intensos e potencialmente mais nocivos, principalmente para cérebros em desenvolvimento.
Uma das pesquisas analisadas revelou que 22% dos estudantes do ensino médio nos EUA afirmaram ter usado maconha pelo menos uma vez no mês anterior à coleta de dados, indicando que o uso é relativamente comum entre os jovens.
Uso precoce eleva riscos
Outro ponto de destaque é que quanto mais cedo se inicia o uso — especialmente aos 16 anos ou antes — e quanto mais frequente ele é, maiores são os riscos de prejuízos acadêmicos e sociais. Além do impacto educacional, a análise identificou ligação entre o uso de cannabis e maiores taxas de desemprego entre os jovens.
Alerta para pais, escolas e autoridades
O estudo reforça a importância de estratégias de prevenção, educação e apoio voltadas para adolescentes e jovens adultos. Segundo os autores, entender as consequências do uso de substâncias psicoativas é essencial para orientar políticas públicas, escolas e famílias no enfrentamento da evasão escolar e no estímulo ao desenvolvimento educacional.