Um estudo conduzido pela Universidade Flinders, na Austrália, aponta que casas de repouso podem estar se tornando focos de bactérias resistentes a antibióticos devido à prescrição excessiva desses medicamentos. O fenômeno levanta preocupações sobre a disseminação de microrganismos que dificultam o tratamento de infecções.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já classifica a resistência a antibióticos como uma das maiores ameaças à saúde pública global. Doenças como pneumonia, tuberculose, gonorreia e infecções por salmonela estão cada vez mais difíceis de combater devido à redução da eficácia dos tratamentos tradicionais.
Na pesquisa, foram analisadas amostras de fezes de 164 idosos residentes em cinco instituições de cuidados prolongados no sul da Austrália. Os dados revelaram que 61% dos participantes haviam recebido prescrição de antibióticos pelo menos uma vez no ano anterior.
Os exames laboratoriais identificaram mais de 1.100 genes exclusivos de resistência a antibióticos, abrangendo 38 classes diferentes desses medicamentos. Entre eles, 20 eram considerados de alta preocupação clínica. Um dos principais vilões apontados foi o uso excessivo da doxiciclina, que elevou em quase 15 vezes a probabilidade de detectar altos níveis de genes resistentes.
O aspecto mais alarmante, segundo os pesquisadores, é que praticamente todos os idosos carregavam essas cepas resistentes sem manifestar sintomas de infecção. Isso sugere que as instituições de longa permanência precisam adotar critérios mais rigorosos na administração de antibióticos, evitando o risco de criar um ambiente propício ao surgimento de superbactérias.
Os especialistas alertam para a necessidade de maior cautela por parte dos médicos na prescrição desses medicamentos para a população idosa, a fim de minimizar o avanço da resistência bacteriana e preservar a eficácia dos tratamentos disponíveis.