Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Helsinque, na Finlândia, trouxe à tona uma possível ligação entre o uso prolongado de medicamentos ansiolíticos e sedativos e um risco aumentado de desenvolver Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).
Publicada no jornal científico Acta Psychiatrica Scandinavica, a pesquisa analisou dados de saúde de quase 5 mil pacientes com ELA e os comparou com um grupo de controle de mais de 24 mil pessoas. A análise revelou que o uso contínuo de benzodiazepínicos — uma classe comum de medicamentos para ansiedade e insônia — por mais de seis meses estava associado a um maior risco de diagnóstico da doença degenerativa.
Os cientistas levantam a hipótese de que o uso a longo prazo desses medicamentos poderia afetar o sistema GABAérgico, um sistema de neurotransmissores crucial para a função dos neurônios motores, que são justamente as células atacadas pela ELA.
Associação não significa causa
Apesar da descoberta, os próprios autores do estudo fazem um alerta importante: a pesquisa aponta uma associação estatística, e não uma relação de causa e efeito. Ou seja, o estudo não prova que os medicamentos causam a ELA.
Os pesquisadores destacam a possibilidade do que chamam de “viés protopático”. Isso significa que os medicamentos podem ter sido prescritos para tratar os primeiros sintomas da ELA, antes mesmo de a doença ser diagnosticada.
Sintomas como ansiedade, insônia, espasmos e rigidez muscular são comuns no estágio inicial e não reconhecido da ELA. Nesses casos, o paciente buscaria um médico e receberia uma receita de ansiolítico, fazendo parecer que o remédio veio antes da doença, quando, na verdade, a doença já estava se instalando silenciosamente.
Portanto, mais estudos são necessários para entender se existe uma ligação causal ou se o uso dos medicamentos é apenas uma consequência dos primeiros sinais da Esclerose Lateral Amiotrófica.
O que é a ELA?
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa progressiva e rara que afeta os neurônios motores no cérebro e na medula espinhal. Com o tempo, os pacientes perdem a capacidade de controlar os movimentos musculares voluntários, levando à paralisia e, eventualmente, à morte.