A maternidade, especialmente nos primeiros meses de vida do bebê, é marcada por noites mal dormidas, esgotamento físico e emocional. Embora muitas mulheres encarem esse cansaço como “normal”, especialistas alertam que a privação de sono e a sobrecarga materna podem trazer impactos duradouros à saúde mental, e não devem ser ignorados.
“O que ouvimos muito é: ‘vai passar’. Mas isso não é suficiente. Ninguém consegue viver em uma rotina sem descanso. O sono ruim interfere no trabalho, no autocuidado, na concentração e até nos relacionamentos”, afirma uma especialista em sono infantil. Para ela, a falta de apoio e a ideia de que a mãe deve dar conta de tudo agravam ainda mais o problema.
Mais do que fadiga: os efeitos silenciosos da privação de sono
Dormir mal por longos períodos faz com que a mulher entre em estado de alerta constante, prejudicando não apenas o corpo, mas também a mente. A especialista em comportamento humano e fundadora do Instituto Diálogos reforça: “Privação crônica de sono é um fator de risco para depressão pós-parto e transtornos de ansiedade.”
Segundo ela, quando o descanso é interrompido repetidamente, funções cognitivas básicas — como tomada de decisão e controle emocional — são comprometidas. “A mulher passa a viver em estado de sobrevivência. É um ciclo de exaustão que se normaliza por falta de apoio e de políticas públicas adequadas.”
Esse esgotamento também afeta os vínculos familiares. “Quando o bebê não dorme, a mãe também não. Isso compromete toda a dinâmica familiar. Cuidar do sono infantil é uma forma de proteger a saúde mental da mulher”, completa.
Estabelecer limites: autocuidado não é egoísmo
Para mudar esse cenário, as especialistas defendem a desconstrução da ideia de que ser uma “boa mãe” significa abdicar completamente do próprio bem-estar. Estabelecer limites e priorizar momentos de descanso são atitudes essenciais.
“Quando promovemos o descanso das mães sem culpa, estamos fortalecendo relações mais saudáveis com os filhos e garantindo um ambiente familiar mais equilibrado”, afirma a especialista em sono.
A maternidade, dizem elas, não precisa ser sinônimo de exaustão. “O apoio, a empatia e políticas que reconheçam esse esforço são o primeiro passo para cuidar de quem cuida.”