Para ampliar a assistência e reduzir o tempo de espera por atendimento no SUS, um mutirão de cirurgias, exames e diagnósticos foi anunciado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em Belo Horizonte. A iniciativa, realizada em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), pretende aumentar em 40% a realização de cirurgias eletivas ao longo de 2025.
Neste sábado (29/03), o Hospital das Clínicas da UFMG está promovendo 40 procedimentos voltados à saúde da mulher, incluindo cirurgias ginecológicas de alta complexidade, mamografias e outros exames. A ação também inclui uma simulação de cirurgia torácica, marcando a retomada dos transplantes de pulmão na unidade.
Segundo o ministro da Saúde, a estratégia busca otimizar a estrutura dos hospitais universitários para agilizar atendimentos especializados. “Vamos usar toda a capacidade da saúde pública para diminuir a espera por atendimento. O Hospital das Clínicas da UFMG já faz parte desse esforço, incluindo atendimentos noturnos e aos sábados, tradicionalmente reservados para emergências, mas agora também destinados a cirurgias eletivas”, explicou Padilha.
Ampliação do Modelo de Atendimento Integrado
O projeto também envolve mudanças na forma de financiamento dos atendimentos. Em março, o Ministério da Saúde lançou uma nova política para substituir gradualmente a tabela SUS, garantindo valores maiores para procedimentos realizados dentro do prazo estipulado. “Agora, não pagamos apenas por procedimentos isolados, mas por um pacote completo de cuidados, assegurando que o paciente receba tudo o que precisa dentro de um prazo adequado”, detalhou o ministro.
Essa reestruturação agiliza consultas, exames e diagnósticos em áreas de alta demanda, como cardiologia, ortopedia, oftalmologia e oncologia. Em Minas Gerais, todos os 853 municípios aderiram à iniciativa, ampliando o acesso da população a serviços de saúde mais eficientes.
Expansão da Rede Ebserh e Impacto na Saúde
Ao longo de 2025, os 45 hospitais da Rede Ebserh em todo o Brasil participarão do projeto, incluindo as quatro unidades de Minas Gerais. A expectativa é de que mais de 75 mil cirurgias adicionais sejam realizadas, totalizando 261 mil procedimentos. Em Minas, serão 12 mil cirurgias eletivas extras, priorizando áreas como oncologia, ortopedia, cardiologia, urologia e ginecologia.
No ano passado, a Ebserh realizou mais de 186,9 mil cirurgias eletivas no país, com quase 73% dos atendimentos destinados a mulheres.
Retomada dos Transplantes de Pulmão
Outra novidade anunciada é a retomada dos transplantes de pulmão em Minas Gerais. No início do ano, 23 profissionais do Hospital das Clínicas da UFMG passaram por um treinamento prático para atuar nesse procedimento complexo. Neste sábado, uma simulação será realizada para preparar a equipe, com a previsão de retomada oficial dos transplantes no segundo semestre.
O Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos do mundo, garantindo acesso universal ao procedimento pelo SUS. Em 2024, foram realizados 93 transplantes de pulmão no país. Agora, com o avanço anunciado, Minas Gerais passará a contar com uma estrutura especializada para esse tipo de cirurgia.
Telessaúde e Redução das Filas de Espera
Além das cirurgias, a ampliação da telessaúde foi destacada pelo ministro Padilha. Durante sua visita ao Núcleo da Rede Brasileira de Telessaúde do Hospital das Clínicas da UFMG, ele ressaltou a importância dessa tecnologia para a redução do tempo de espera.
O núcleo atende mais de 1.400 municípios e impacta 45 milhões de brasileiros, especialmente em áreas remotas. Entre os serviços oferecidos, estão a interpretação remota de eletrocardiogramas, que já superou 10,4 milhões de laudos, contribuindo para a detecção precoce de infartos e arritmias.
Os três núcleos de telessaúde de Minas Gerais – da UFMG, do Hospital das Clínicas e da Fundação Educacional Lucas Machado – integram o projeto do Ministério da Saúde para agilizar atendimentos especializados. Em Belo Horizonte, a teleconsultoria já reduziu em 70% a fila de espera para endocrinologia, gastroenterologia e pneumologia. Em Betim, a espera por consulta nessas especialidades caiu 81,9%.