Amor que não descansa: as mães que vivem pelo cuidado no Hospital Infantil

Reprodução: Foto/GOV PI

Para muitas mulheres, a maternidade é uma experiência intensa. Mas para algumas, ela se torna um ato de entrega absoluta. É o caso de Maria Irene da Silva, 34 anos, que há 13 anos vive no Hospital Infantil Lucídio Portella (HILP) ao lado da filha, Maria Irislene. Desde 2012, a menina depende de cuidados contínuos após o diagnóstico de uma condição neurológica rara. A rotina é rígida e repetitiva, mas para Maria Irene, o amor pela filha justifica tudo.

“Não existe amor maior. Isso é o que me sustenta aqui todos os dias. A rotina é a mesma, mas eu faria tudo de novo, mil vezes se fosse preciso”, declara com firmeza.

Vidas inteiras dentro do hospital

Em situações de internação prolongada, como as vividas por crianças com doenças crônicas ou raras, as mães muitas vezes assumem um papel que vai além do cuidado: tornam-se moradoras do hospital, abrindo mão da própria vida para estarem ao lado dos filhos.

Foi o que aconteceu com Josemira da Costa Silva, 34 anos, natural de Altos (PI), que há quatro anos também mora na unidade. Ela é mãe do pequeno David Ravi, de cinco anos, diagnosticado com atrofia muscular espinhal (AME), uma doença rara e progressiva.

“Quando ele foi diagnosticado, os médicos disseram que ele talvez não passasse do primeiro ano. Hoje, com cinco anos, ele está aqui, vencendo cada dia, e eu ao lado dele. Me sinto realizada por ter essa chance de cuidar dele, de ser mãe de uma criança especial. Isso é uma bênção para mim”, afirma Josemira, emocionada.

Acolhimento também é cuidado

Para aliviar o peso dessa rotina intensa, a direção do HILP tem buscado transformar os leitos em espaços mais humanizados, oferecendo atividades, escuta ativa e cuidado emocional às mães. A ideia é garantir que elas não se sintam sozinhas — e que também recebam atenção.

“Essas mulheres deixam tudo para trás. Em muitos casos, deixam de ser companheiras, profissionais e até mães de outros filhos para se dedicarem a um só. Aqui, precisamos olhar para elas também. Por isso, promovemos passeios, momentos de lazer, atividades físicas. São formas de devolver um pouco de bem-estar a quem cuida tanto”, explica a diretora clínica do hospital, a pediatra Lorena Mesquita.

Atualmente, oito crianças vivem na UTI destinada ao tratamento de AME. Uma delas é a pequena Lara, de apenas 1 ano e 9 meses. Sua mãe, Stanaina Magalhães, de 35 anos, enfrenta seu primeiro Dia das Mães como parte dessa realidade. Moradora de Teresina, ela não se desgruda da filha desde o diagnóstico.

“Minha vida agora é aqui, com ela. A gente é muito grudada, ela me chama o tempo todo. É difícil, mas cada sinal de melhora é uma vitória. E esse Dia das Mães será muito especial, porque estarei com ela, onde mais importa: ao lado dela, lutando pela saúde dela”, conta.

Amor em tempo integral

A dedicação dessas mães não é apenas um gesto, mas uma forma de viver. Dentro do hospital, elas encontram força na conexão diária com os filhos e em pequenas conquistas que, para muitos, passariam despercebidas. Cada movimento, cada respiro tranquilo, cada melhora clínica é celebrada como um milagre.

O Hospital Infantil Lucídio Portella reconhece esse papel fundamental das mães cuidadoras e reafirma o compromisso de tornar a jornada delas menos solitária. Porque, por trás de cada criança em tratamento prolongado, há uma mãe que segue firme, transformando amor em cuidado, dia após dia.

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