No dia (02/04), comemora-se o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007 com o objetivo de promover a igualdade de direitos e combater o preconceito. No Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), essa luta se reflete no cuidado oferecido a 136 crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que recebem acompanhamento especializado de uma equipe multidisciplinar, além de suporte social e terapias específicas disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O Transtorno do Espectro Autista, ou TEA, é uma condição que afeta o neurodesenvolvimento, impactando aspectos como comunicação, linguagem, interação social e comportamento. No Ceir, mais de 60% dos atendimentos realizados na área de Reabilitação Intelectual (RHI) envolvem crianças diagnosticadas com TEA. Para garantir uma abordagem terapêutica eficaz, as crianças recebem cuidados de uma equipe diversificada, composta por profissionais de psicologia, psicopedagogia, fonoaudiologia, nutrição, enfermagem, terapia ocupacional e fisioterapia. O Serviço Social também desempenha um papel crucial, oferecendo apoio e acolhimento às famílias, reforçando a necessidade de um cuidado integral.
“A reabilitação de uma criança com TEA é um processo que abrange a estimulação de diversas áreas, como funções cognitivas, linguagem, socialização, sensibilidade e comunicação. Acompanhamos cada criança de perto, identificando suas maiores dificuldades e investindo em terapias direcionadas a cada caso. A colaboração entre diferentes áreas é fundamental para que possamos atingir os objetivos terapêuticos e, assim, proporcionar mais autonomia e qualidade de vida para as crianças e suas famílias”, explica Maria Andreia Marques, gerente da Reabilitação Intelectual do Ceir.
A neuropediatra Carolina Campelo, do Ceir, destaca que o termo “espectro” reflete a ampla diversidade dentro do TEA. Ela reforça a importância de um atendimento individualizado, considerando as características e necessidades específicas de cada criança.
“Cada criança com TEA apresenta um quadro único. Aqui no Ceir, fazemos uma avaliação abrangente, analisando a comunicação, socialização e comportamentos. Algumas crianças podem demonstrar agitação, dificuldades de atenção, alterações motoras ou até um brincar repetitivo. O maior desafio, sem dúvida, é garantir um diagnóstico precoce e oferecer aos pais as informações necessárias para que compreendam que certas reações não são ‘birras’, mas sim manifestações características do transtorno”, afirma a especialista.
Ana Karine Silva, mãe de Bianca Costa, de 10 anos, que é acompanhada no Ceir, compartilha as experiências de ser mãe de uma criança com TEA. Embora enfrente desafios diários, ela celebra as conquistas de Bianca a cada passo.
“Ser mãe atípica é uma grande luta. Mas, à medida que fui estudando e observando o desenvolvimento dela, percebi muitas melhorias. Hoje, a Bianca faz acompanhamento com fonoaudióloga, psicóloga e outros profissionais. Sua interação com outras crianças melhorou muito, ela aprendeu a desenhar e sua comunicação evoluiu. Tem dias de muito estresse, mas quando ela vem me abraçar, não há nada melhor. O que mais desejo é que ela seja feliz e que as pessoas a recebam com empatia e respeito”, emociona-se Ana Karine.
Para marcar a Semana de Conscientização sobre o Autismo, a equipe da Reabilitação Intelectual do Ceir preparou uma programação especial, repleta de atividades educativas e lúdicas. Entre as ações, destacam-se a exibição de filmes, contação de histórias, oficinas sensoriais, grupos de estímulo à criatividade e rodas de conversa com os pais, criando um ambiente de aprendizado e acolhimento para as famílias atendidas.
